Testemunho lido na Eucaristia do 30º dia de partida para a casa do Pai do Pe. Robson Cruz

Reunimo-nos hoje, unidos pela fé e pela saudade, por ocasião do trigésimo dia de partida para a Casa do Pai do Pe. Robson Cruz. Este é um momento de ação de graças pelo dom da sua vida e do seu ministério sacerdotal, que tão fielmente personificou “Eu vim para servir e não para ser servido”.

Como nosso Pároco, Assistente Eclesiástico e Presidente do Centro Social Paroquial de SJD, o Padre Robson viveu o seu sacerdócio com uma transparência e coerência de vida verdadeiramente à imagem do Bom Pastor. Quem com ele privou reconhece que se empenhava diariamente, em conhecer nominalmente cada paroquiano, acompanhando as suas (deles) preocupações e alegrias, as angústias e os sonhos, confortando a todos com esperança e a generosidade do seu serviço.

O seu modo de estar era a aplicação consciente e amorosa da sua missão. Ele sabia que a verdadeira pastoral começa no Encontro. A partilha de um café, ou de uma refeição que ele próprio preparava, mesmo quando o tempo lhe escasseava, eram muito mais do que gestos de simpatia; eram a hospitalidade, a porta de Entrada para o acolhimento e a escuta, numa conversa tranquila ou numa discussão apaixonada, levando a todos à “Esperança que não engana”. À sua mesa, a oração conjunta era o coração de um diálogo que tudo confiava ao Senhor.

A Caridade, a Hospitalidade e a Generosidade que praticava, eram a expressão visível de um pastor que nunca se contentou com gestos protocolares. Era uma caridade com rosto humano, atenta e dialogante, que se colocava ao serviço sem precisar de ser pedida, pois ele antecipava as necessidades concretas:

• Durante a pandemia, quando as colaboradoras do Lar SJD faltaram ao trabalho por motivos de isolamento, foi ele próprio quem garantiu, com o seu trabalho, o fornecimento de refeições às Residentes, que se sentiam acarinhadas com gestos inesperados de sobremesas e comida reconfortante;

• No mesmo período difícil, insistiu por diversas vezes em acompanhar as colaboradoras até suas casas, aliviando-as das suas aflições com os transportes, numa demonstração prática e corajosa do seu cuidado com o dom da vida;

Recentemente, para além da edificação da obra física, foi com seu esforço que se requalificou o espaço da MJC, que hoje acolhe jovens estudantes, construindo um verdadeiro Lar. E, uma vez mais, foi à volta da sua mesa que promoveu o são convívio com os jovens, fazendo com que todos se sentissem integrados na nova família, numa ação evangelizadora, que vai para além de pastoral na cidade, mas, antes de tudo, de encarnar-se pastoralmente no mundo urbano, marcado por desafios e estilos de vida diversos.

Muito ofereceu no silêncio, movido por um olhar atento que antevia a necessidade, estendendo a mão não apenas ao pobre, mas a todos, porque a todos desejava dar o melhor de si.

A sua liderança, marcada por uma humildade cativante e uma persistência inspiradora, era totalmente coerente com este espírito. O seu grande sonho – trazer o Lar de S. João de Deus para as instalações da residência paroquial – não se confinava à concretização do seu projeto socio-caritativo. Era a materialização do cuidado pelos mais frágeis e da sua plena integração na vida da comunidade, promovendo a partilha intergeracional. Para viabilizar este sonho, enquanto Pároco e Presidente, abdicou de confortos e poupou incansavelmente. Nem sempre foi compreendido, mas manteve a fé inabalável de que, com a ajuda de Deus, um dia este sonho se tornaria realidade.

O Padre Robson Cruz não partiu. Ele permanece entre nós, no exemplo de bom Pastor que damos graças a Deus por ter conhecido e de quem guardamos uma memória eternamente viva.

Que Deus o guarde na Sua infinita Misericórdia.